Você não sabe a vontade que eu tenho de colocar meu despertador pra tocar atrasado, rasgar uma roupa na saída, passar pelas pessoas já pela manhã e arranjar briga. Eu adoro isso.... Ligo pros meus cobradores só pra deixar meu número atualizado. Chego pra quem amo e só conto meus defeitos. Salário?pra que salário, posso trabalhar de graça e ainda fazer hora extra. Adoro comer macarrão instantâneo todo dia, de preferência 2 vezes por dia, quando estou com muita fome. Adoro bater carros, ser atropelado, pegar filas gigantes, estabelecimentos fechados. Isso que não falei da minha paixão por ficar doente. Adoro pegar aquelas gripes de ficar de cama. É tão bom, ainda bem que o vírus é mutante e tá sempre nos dando essa oportunidade. Adoro quando tomo um pé na bunda porque é sempre bom ter uma ex-namorada e antigas sogras destilando veneno sobre mim para todo mundo que me conhece. Adoro tomar ferroada de abelha e marimbondo. Quando estou caminhando na rua chego a mirar meu dedão nas maiores pedras para poder tropeçar e cair de boca no chão. Faço o mesmo dentro de casa, mirando o dedinho ou a canela nos móveis. É perfeito quando decido passear e o tempo fecha, desabando chuva em mim porque deixei o guarda-chuvas em casa.
Não vejo a hora de alguma feiosa desconhecida chegar pra mim, me lembrando de um dia que ficamos juntos por eu estar bêbado, confessando estar grávida. Estou ansioso pelos efeitos da calvície, artrite, artrose e o momento em que alguém vai ter que me levar pro banho.
Por enquanto vou fazendo o possível pra me meter em todas encrencas e problemas possíveis. É assim mesmo que vocês pensam de mim? Acham que realmente eu procuro isso? Admito que não sou muito "sortudo" mas se eu realmente fosse assim, nem ligaria para oportunidades, amores, amigos, saúde, lazer, etc. Então não pensem que estou reclamando da vida só porque contei que alguma coisa ruim aconteceu, vocês só não prestam muita atenção quando conto as coisas boas. Adoro estar vivo, estar apaixonado, adoro meus amigos e adoro a sensação de ter superado algum desafio. Não deixo de colher rosas por medo dos espinhos!
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Autor
Álisson Alves nasceu Bagé, Rio Grande do Sul, tem 32 anos. É escritor, blogueiro, e nas horas vagas curte jogos online, tocar violão e ler.

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