Estava ele andando lentamente pela beira da praia. Parecia que havia perdido algo na areia pois ia muito devagar, com a cabeça baixa e pensativo.
Até que em um momento ele ergueu a cabeça pois alguém lhe chamara a atenção. Ela era muito bonita, pra não dizer diretamente que uma estranha pudesse ser tão linda!
Ele parou.
Respiração ficou mais forte, mil idéias passando na sua cabeça. Se aproximar ou seguir em frente? Normalmente ele seguiria em frente, esse era seu caminho mais fácil, mas não dessa vez. Dessa vez ele iria até o banco onde ela estava sentada e enfrentaria a situação.
- Oi. - disse ele
- Oi.
- Posso sentar?
- Pode sim responde ela com muita simpatia e um sorriso contido.
Sem jeito ele senta no banco, não muito perto dela e com a mesma velocidade em que caminhava. Um pouco mais lento e o tempo estaria parado.
- Você é daqui mesmo? - pergunta ele
- Sim, e você?
- Também.
- Me chamo Tony e você?
- Me chamo Letícia.
- Muito prazer Letícia. Não querendo ser indiscreto mas já sendo, você tem namorado? - Pergunta ele olhando para baixo, enrolando os pés e juntando os braços ao corpo.
- Huuuummm, porque você quer saber?
- É queeeeee.... huummm.... Como você pode ver eu sou meio magrelo entããão, não gostaria de ser pego de surpresa sentando e conversando com a linda namorada de alguém e acabar apanhando... - respondeu envergonhado.
Ela sorriu.
- Não se preocupe, você não está correndo esse risco.
Ele fica mudo por alguns segundos.
Ela percebe e com um certo espanto pergunta:
- O que foi?
- Nada, desculpa.
- Na verdade você não estava com medo de apanhar de alguém quando me perguntou se eu tinha namorado não é?
- É, você tem quase toda razão, mas com a minha sorte era muito capaz de eu realmente apanhar. Mas você responder que não tem namorado me surpreendeu.
-Ué, por quê?- pergunta ela
Xeque-mate! Sabe aquelas situações que você fica sem saída e, se ficar calado as coisas pioram?
-É que achei você muito bonita, difícil acreditar que não tem namorado. - disse ele todo encabulado.
Ela sorriu denovo.
Estava achando o jeito dele muito fofo. Não era aquele tipo "gostosão" que chega chavecando e lançado mil e uma cantadas. Ele era sutil e não levava muito jeito para paquera...Era fofo...
-Sem contar - continua ele - que normalmente eu não tenho coragem de chegar e conversar com alguma garota como estou fazendo agora. E, quando faço isso normalmente elas me cortam de imediato. Já fiquei feliz quando você me deixou sentar com você.
- Que bobo! - disse ela.
- E você? pergunta ela.
- Eu o que? ele pergunta em resposta, assustado.
- Você tem namorada?
- Não, não tenho.
- O que você faz da vida? Pergunta ela vendo que a timidez dele era um obstáculo para a continuidade da conversa. O jeito "diferente" dele lhe havia chamado a atenção.
- Eu estou desempregado - responde ele enquanto pensava "Agora sim já era!".
- É, eu também, disse ela compassivamente.
- É chato estar assim não é mesmo - diz ela retoricamente...
- É, muito...
-Bom, eu preciso ir, diz ele, está tarde e ainda tenho uma longa caminhada até minha casa. Foi um prazer conversar com você Letícia.
Ele já havia levantado e dera uns 2 passos quando ela disse.
-Ei, é só isso?
-Ãhn? - balbuciou ele voltando a virar-se para ela
-Sim, é só isso? Você vem, senta comigo, conversa comigo, pergunta se tenho namorado e depois só vira as costas e vai embora?
- ..., ele emudece.
- Você não vai nem ao menos pedir meu telefone?
Ele muda de cor, dá um sorrisinho discreto.
- Posso mesmo lhe ligar? - ele ainda estava descrente do que acabara de ouvir.
-É claro seu bobo, diz ela sorrindo.
Ela anota o telefone em um papel que encontrou na pequena bolsa e entrega a ele.
Ele pega, guarda com cuidado no bolso e congela. E agora?
Ele já havia se despedido mas depois do que acontecera qual seria a nova ação de despedida?
Ela gargalhou. Havia reparado no congelamento súbito dele.
Ela se levantou, se aproximou dele e deu um breve beijo em seus lábios.
-Tchau Tony! - virou-se e foi caminhando para o lado oposto do que ele estava indo anteriormente.
Ele seguiu ali por uns minutos, revendo mentalmente tudo que acontecera e incrédulo sorria sozinho.
Então virou em direção à sua casa e voltou a caminhar, dessa vez um pouco mais rápido, muito mais ofegante, sorrindo e, em vez de olhar para o chão agora olhava para as estrelas...
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Autor
Álisson Alves nasceu Bagé, Rio Grande do Sul, tem 32 anos. É escritor, blogueiro, e nas horas vagas curte jogos online, tocar violão e ler.
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