E é por isso que eu escrevo.

    Tem dias que a gente sente uma necessidade de conversar com alguém. Nestes mesmos dias, às vezes, é complicado explicar sobre o que é necessário conversar. Tem coisas que não tem tradução ou definição. Sabe quando você tem um bom amigo ou amiga que "conversa" com você sem trocar palavra alguma? Ou aquele outro que nestes dias sai com cada assunto absurdo mas que acaba entretendo você e fazendo você rir, esquecendo que esse era um dia diferente?
    O problema é quando você lembra que cada um está nesse momento vivendo a sua vida, trabalhando, cuidando da casa, dos filhos, da faculdade, dos seus próprios problemas. E você está ali, terminou de almoçar assistindo um seriado que consegue lhe deixar ainda mais pra baixo.
    Aí tem os engraçadinhos que além de não ajudar fazem piada da sua cara. Então, para evitá-los, você sempre finge que está tudo legal, tudo bem e desaparece. Ou talvez você faça isso para não trazer para baixo pessoas com quem se importa e que estão felizes. Sua vida é apenas mais uma entre seis bilhões de vidas humanas nesse planeta. Que diferença faz?
    Mas parece que se não colocar pra fora parece que você vai implodir. Sabe qual o pior problema que uma pessoa pode ter? São os próprios! Porque nunca ninguém vai sentir a dor de outro ou saber de que forma algo realmente o afeta. Então surgem as frases clichês e abraços vazios. Demonstrações longínquas de afeto que sabe-se que nunca serão demonstradas realmente. É como estar com fome e as pessoas apenas lhe oferecerem receitas de comidas saborosas. Isso mesmo, só as receitas.
     Acontecem tragédias e uma multidão começa a se manifestar a respeito. Já pararam pra pensar que talvez as famílias envolvidas no momento só querem paz e não que se fique lembrando do que aconteceu a cada segundo? Eu tinha que falar isso também porque hipocrisia e falso sentimentalismo só pioram as coisas.  Parece que se demonstram saber ou se importar vai dar algum crédito a mais. Parabéns, já ganhou seu lugar no céu...
     E é por isso que eu escrevo, porque preciso colocar estas coisas para fora, extravasar. Preciso às vezes falar das minhas alegrias, tristezas e indignações. Antes eu usava muito o blog pra isso. Agora tenho que policiar o que escrevo porque certas coisas não podem ser mencionadas ou algumas pessoas se revoltariam contra mim. Bem que dizem que se você quer inimigos é só dizer o que pensa. Mas não ligo, o jeito é contabilizar as coisas boas pra não cair de vez e esperar esses "dias especiais" passarem. Tenho que ser honesto em dizer que pelo menos posso contar com algumas pessoas que realmente se importam e sempre estão com as mãos estendidas para me ajudar nessas situações.  A esses eu nunca esqueço e sempre agradeço, estão sempre comigo não importa aonde. Por estes eu suporto mais um dia e simplesmente escrevo, só escrevo...

Álisson Alves

Alisson Alves é o autor do Blog Gente Incomum, escritor, blogueiro, e nas horas vagas curte jogos online, tocar violão e ler.

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