---- ----- ---- ------ ---- ------ ------ -------- ------ ----
Florianópolis (Parque Lagoa do Peri - Sul da Ilha) - Madrugada de 17 de Agosto de 2018
- Abrigo #50 -
Este relato narra os acontecimentos da madrugada e não foram escritos no diário por razões que serão percebidas durante a história a seguir...
Era umas 02:30 da madrugada quando o Rogher foi acender uma das tochas mais distantes do jardim, a cerca de uns 50 metros do abrigo. Provavelmente o nervosismo, o medo e a escuridão colaboraram com o que aconteceu. Quando estava pulando os arbustos para acender a tocha ele se desequilibrou e derrubou a lamparina com óleo e gasolina por cima da vegetação e parte da roupa. O fogo apareceu de imediato e como que por reflexo ele arrancou a própria camisa e jogou fora. Só soltou um "Droga! Minha camisa do AC/DC!". Nem havia percebido o problema que havia iniciado.
Percebendo a iluminação repentina e forte vinda da rua, as garotas pararam de arrumar as armas na sala e espiaram pela janela a enorme labareda que agora estava formada, devorando os arbustos e árvores do centro do jardim. Haviam muitas árvores velhas e troncos já secos, sendo um ótimo combustível e um péssimo problema. Quando viram o Rogher sem camisa, próximo ao fogo abriram a porta rapidamente e quando estavam para sair em disparada para ajudá-lo foram impedidas pelo Alan que havia descido para ir ajudá-lo, deixando o Álisson e o Jonatha na sacada superior ainda de guarda.
"Fernanda, você vem comigo!" - Disse ele.
"Renata, avise o pessoal no porão sobre o fogo e mande-os subir. Aline, vá buscar o kit de primeiros socorros pois poderá ser necessário. O restante mantenha a calma e prestem atenção a tudo!" - Continuou.
E saíram em disparada em direção ao Rogher, que sabe-se lá porque, decidiu ficar tentando apagar um incêndio sozinho, batendo ramos de árvores pela volta do fogo.
Quando chegaram a ele ficaram aliviados por não estar ferido.
"Vamos embora Rogher, O fogo vai consumir tudo que está no meio do jardim, Provavelmente não chegará a atingir as bordas da mata. Sem contar que nem mesmo nós três podemos apagar labaredas deste tamanho!"
Sim, as chamas estavam tão altas no meio do jardim que estava parecendo dia. Os estalidos da madeira verde em chamas pareciam tiros e o calor provocado conseguia chegar até a sacada do abrigo, onde os 2 vigias estavam percebendo uma movimentação nem um pouco amistosa saindo da floresta, bem entre o fogo e o abrigo. Eram cerca de uns vinte inanes, que foram atraídos pela luz e som das chamas na clareira e que agora, estavam no caminho entre os três próximos ao fogo e o abrigo.
"INANES!" - Gritou Jonatha e iniciaram os disparos com os arcos e bestas.
Os inanes estavam alvoroçados e a distância, o vento e a movimentação não favoreciam os tiros realizados da sacada. As armas de fogo estavam no andar inferior e dispará-las poderia atrair mais do que apenas vinte inanes. Quando percebeu que não dariam conta de nem metade do grupo de inanes, que já estavam se aproximando de seus amigos, Álisson desceu correndo as escadas gritando, "Abram a porta!", catou o machado que estava ao lado da lenha na sala e e só deu mais um berro na saída: "Não importa o que aconteça, não atirem em mim, eu sou IMUNE a eles!"
Ninguém saberia dizer se uma pessoa normal seria capaz de fazer aquilo, disparar contra uns quinze inanes apenas com um machado em punho ( isso porque uns 5 haviam sido atingidos da sacada pelo Jonatha, que era bom de mira, mesmo não sendo tão bom quanto o Rafael era) . Os três que estavam sem saber o que fazer por estarem cercados congelaram por alguns segundos. O que ele estava fazendo? Que tipo de doido resolve enfrentar sozinho um grupo de Inanes? Era suicídio!
"Corram para o Abrigo!!!" - Gritou Álisson para os três - "Entrem e fechem a porta!"
"Quando acharem uma abertura aproveitem e corram!" - disse Alan aos outros dois. "Eu vou ajudá-lo!". E pegou o cabo de vassoura que era utilizado pelo Rogher para erguer a lamparina até as tochas e que estava atirado no chão ao seus pés.
Nesse momento Álisson entrou no meio do grupo de inimigos, segurando o machado na horizontal à frente de seu corpo, deixando sobrar para um lado a lâmina e para o outro parte do cabo. Com o embalo derrubou um inane de cada lado e irrompeu através do grupo para se aproximar. Havia eliminado apenas o que foi decapitado pela lâmina mas o outro apenas havia caído. Ainda eram quatorze inanes contra dois combatentes.
"Quando eu avançar contra o grupo novamente vocês três correm para o abrigo, ok?" - Disse Álisson
"Ok" - responderam ao mesmo tempo Fernanda e Rogher.
"Não, eu vou ajudá-lo!" - Disse Alan.
Era suicídio pular no meio deles sozinho e Álisson sabia disso, mesmo em dois provavelmente continuaria sendo pois eram inanes de aparência forte e após a primeira mordida ou arranhão profundo as dores, febre e delírios os deixariam incapazes de manter a luta. Não era por ser imune à transformação que Álisson seria imune aos efeitos do veneno. Sem contar que se um grupo daqueles pegasse um sobrevivente, nem daria tempo de haver uma transformação antes que fosse completamente devorado.
Não havia mais tempo, era enfrentar o grupo ou o fogo, mas podia-se imaginar qual morte seria pior.
"AGORA!" - gritou Álisson e irromperam gritando contra os grunhidores famintos.
Pularam contra a lateral direita do grupo e, assim que todos os inanes viraram para eles, Fernanda e Rogher correram pela lateral esquerda.
Mas como parece sempre acontecer, nunca uma coisa ruim acontece sozinha. Primeiro os geradores, depois o fogo, em sequência os inanes, agora, logo após passarem dos inanes, ainda faltando uns 20 metros para chegar no abrigo a Fernanda tropeça, indo ao chão e torcendo seriamente o tornozelo. O Rogher, que estava indo à frente nem percebeu e em segundos entrou pela porta do abrigo. Neste mesmo instante os outros dois faziam o que podiam para segurar o grupo, haviam derrubado uns cinco ou seis, O Jonatha da sacada derrubou mais uns 2 do grupo e mais um que tentara perseguir os dois fugitivos. Mas a batalha estava chegando ao fim. Tanto o Álisson quanto o Alan já haviam sido feridos e muito. A imunidade e a anterior mordida recebida pelo Álisson o deixou um pouco mais resistente, então ainda estava em pé, lutando o quanto podia, quando viu Alan ir ao chão, movendo os lábios e dizendo com a boca ensanguentada "Vai!, Salva ela!" e no momento seguinte ser encoberto pelos cinco inanes que o atacaram juntamente. Álisson derrubou o último que estava perto de si e saiu, apoiando-se no machado, mancando e sangrando pelos ferimentos, em direção à Fernanda que tentava se levantar mas sem ter apoio. Os inanes estavam distraídos enquanto saboreavam mais uma vítima, um herói, um mártir. O pessoal dentro do abrigo estava sem saber o que fazer pois tudo acontecia tão rápido e ainda estavam interrogando o Rogher que estava em choque.
Álisson ajudou Fernanda a se levantar, deu o machado para que ela se apoiasse e perguntou se ela conseguia ajudá-lo a chegar ao abrigo pois já estava vendo tudo girando, as coisas um pouco mais à frente já não tinham mais foco algum. Tudo que via era preto ou nebuloso e a febre começara a cozinhá-lo vivo. Ela disse que sim e assim o fez, arrastando a si mesma e a ele para dentro do abrigo.
Mal entraram no abrigo e ele desmaiou, por mais força que fizesse, ela foi incapaz de segurá-lo. Ninguém na verdade conseguiu ser rápido o suficiente. Desabou ao chão.
Levantaram-no e o colocaram sobre a mesa e começaram a lavá-lo para limpar as feridas. Depois costuraram as mais profundas e o colocaram em um soro com medicamentos antitérmicos e analgésicos. Por sorte haviam lembrado de buscar mantimentos e equipamentos hospitalares durante suas buscas. Agora era esperar que ele se recuperasse mais uma vez, se é que dessa vez conseguiria. O deitaram na cama, com um pano molhado sobre a testa para tentar reduzir os efeitos da febre. Ao seu lado sentou-se a Fernanda, agora com o pé enfaixado, chorando, talvez por dor, talvez em choque, talvez pela tristeza que sobreveio a todos naquela noite. Ela pegou sobre a cabeceira da cama o livro O Pequeno Príncipe, uma relíquia que Álisson também carregava consigo sempre e começou a lê-lo para ele, entre os soluços.
Na porta do quarto estavam a Aline, Otávio, Carlos, Kelly e Archie, com os olhos cheios de lágrimas mas torcendo por seu amigo. Agora a Aline também percebera que ele era mais do que apenas mais um sobrevivente, ela pôde ver a essência de QUEM era ele e sua consciência pesava pela rispidez que o tratou mais cedo, pela qual nem ao menos tivera chances de pedir desculpas.
O restante do pessoal certificou-se de ter fechado a casa, e ficaram em postos de defesa, esperando que o Jonatha e o Rogher terminassem de derrubar aqueles malditos inanes.
As chamas do jardim começavam a diminuir e assim a noite foi passando...

Manin mata todo mundoooo!
ResponderExcluirkkkk...muito foda,e um a um todos iram cair!!!!ahuahuahuahu
ResponderExcluirOtavio
Fui de ralo :) muito show.
ResponderExcluir