Hoje me deparei, ao ir à padaria, com um estranho que me pediu alguma ajuda para conseguir algo para comer. Como de costume, antes de dar a ajuda comecei a conversar. Ele se chamava "Charli" e estava vindo do Mato Grosso, rumando para Uruguaiana no RS. Carrregava com ele algumas mochilas e um "saco de batatas" carregado de mantimentos diversos. Barba no rosto e na mão uma corrente que terminava em uma guaipequinha de 5 meses chamada She-Ra. Muito simpático por sinal. Me contou sobre como vivia no Mato Grosso e porque motivos estava retornando ao RS. Ele ia tentar uma vida nova com um parente do RS. O mais engraçado é que quando perguntei como ele iria levar a cadelinha pro RS ele respondeu: "Ela vai a pé comigo". Sim, ele estava indo a pé pro RS. Já disse que tinha calculado o tempo que levaria e que, só pra passar por Floripa ainda levaria um mês e meio. Vai dormindo em postos de gasolina e outros lugares que acolhem ele. Dá vitamina e compartilha da própria comida com a pequena, que por sinal estava bem cuidada e era muito faceira. Adorei ela.
Lamentei já estar mais afastado de casa, senão seria mais hospitaleiro, não acredito que a ajuda financeira que dei vá ajudá-lo por muito tempo mas é porque não sou adepto de "esmolas" mas de ajudas substanciais e mais reais como oferecer alimentação própria, um local para banho, roupas, calçados e qualquer coisa que facilitasse na aventura dele.
Talvez alguns estejam se perguntando se ele estava falando a verdade. E eu responderia, isso importa pra mim? Eu vou estar caminhando ao lado dele? Acho que histórias assim no mínimo dos mínimos nos dão uma visão mais ampla das aventuras que às vezes gostaríamos de realizar por nós mesmos.
Outros talvez se questionem se eu não teria medo de mostrar onde moro ou oferecer o uso das dependências da minha casa para um estranho, que poderia me roubar. Certo, é perigoso, mas que roubem meus bens mas jamais a minha humanidade.
Disse para ele escrever a história dele e dei um cartão meu para que, quando chegasse ao destino, se ainda lembrasse de nossa conversa me contasse como foi a aventura. Ele disse que está escrevendo sobre isso e acho que seria uma ótima história para ler.
Sempre desejo sorte aos aventureiros e melhoras de condições pra quem as busca.
Boa jornada Charli e She-Ra, que encontrem pelo caminho muita aventura e pessoas de bom coração!
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Autor
Álisson Alves nasceu Bagé, Rio Grande do Sul, tem 32 anos. É escritor, blogueiro, e nas horas vagas curte jogos online, tocar violão e ler.
gostei desse texto
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