Florianópolis (Parque Lagoa do Peri - Sul da Ilha) - 28 de Agosto de 2018
- Abrigo #50 - 00:12
É, eu sei que pulei uns dias no diário mas resolvi passar um pouco mais de tempo com a namorada e evitando o stress que tem imperado entre o povo aqui. Nada de muito importante aconteceu nestes dias passados. Foram apenas tentativas frustradas de consertarmos os geradores, mantimentos cada vez mais escassos, dias e noites cansativos de vigia exaustiva pela falta das cercas eletrificadas e um fluxo cada ver maior de inanes em nossa área. Tivemos que pegar os machados e abrir a floresta do estacionamento até o jardim e trazer os veículos para perto. No total ainda temos 3 veículos utilizáveis, com combustível suficiente para um tanque e um galão de 12 litros reserva, o Santana, um micro-ônibus e uma Dodge Dakota. Foi exaustivo e até mesmo as meninas partiram para o corte das árvores e remoção dos entulhos. Para os homens, trabalhar na floresta e depois revezar guarda a noite tem sido muito cansativo. Não é a toa que o humor da maioria do pessoal está diminuindo assim como a paciência. Já temos alguns desentendimentos um tanto frequentes. No atual momento o Carlos e o Rogher estão que nem se olham por causa de uma discussão infantil porque o Rogher deixou um galho atingir a Kelly enquanto cortavam as árvores. Não tivera culpa, o galho era enorme e ele não teve como segurar. Ela também não reparou no que acontecera enquanto removia as armadilhas próximas dali. Mas foram apenas arranhões mas isso é mais do que o suficiente para acender a ira de qualquer um atualmente.
Hoje desistimos do conserto dos geradores e também estamos decidindo se permanecermos aqui ainda é a melhor escolha já que as proteções extras já não existem e o fluxo de inanes aumentou na área. A decisão na verdade já está praticamente tomada mas estamos analisando como fazer. Hoje aconteceu algo que me levou a estar novamente aqui escrevendo e que afetou drasticamente nossas decisões.
Ouvimos pela manhã bombardeios mais próximos e o fluxo de aeronaves na área estava maior. Foi quando percebemos que logo acima do abrigo abriram-se alguns pára-quedas, cerca de uns 5. Percebemos na hora que o local do pouso não seria nenhum outro a não ser o nosso jardim. Todos nos armamos e ficamos de guarda embora soubéssemos que, se fosse uma ação hostil, era só ter nos bombardeado antes.
Como previsto, 5 soldados aterrissaram em nosso jardim e pediram para conversar conosco. Eram de um pequeno pelotão de reconhecimento e escolta e foram enviados para entrar em contato após termos sido percebidos pelos vôos de bombardeio e reconhecimento sobre o local. Perceberam a movimentação, desmatamento da área e os veículos que antes estavam um tanto camuflados sob a mata mas agora em terreno aberto no jardim. O Capitão do pelotão se chamava Ernani e a ele havia sido dada a responsabilidade de nos informar e proteger.
A infestação dos inanes começou como uma crise nacional e se expandiu pelo globo muito rapidamente. Florianópolis foi escolhida pelos militares como local para uma base especial por ser uma ilha e também o foco inicial da infestação. Não nos fora revelado o que causou a infestação, apenas que agora a missão dos militares no local era limpar a ilha das ameaças e resgatar os sobreviventes para pequenos vilarejos militarmente guardados próximos às bases. A principal base estava em Canasvieiras no Norte e parece que fora completada pouco tempo após nossa saída da região. Segundo ele encontraram um grupo de sobreviventes no local que havia comentado sobre nossa localização.
Foi nessa hora que os olhos do pessoal brilharam. Seriam eles os membros do grupo que estavam desaparecidos? Infelizmente ele não tinha o nome nem a quantidade dos resgatados.
Aí começaram as informações que apressaram e influenciaram nossas decisões. Segundo os militares nossa área estava comprometida com hordas de inanes e esse era o motivo dos bombardeios. Mantê-los longe até que alguma tropa pudesse ter acesso seguro. Vou tentar parafrasear o que nos disse o Cap. Ernani:
"Como membros do exército nos sentimos responsáveis por cada vida inocente que ainda compõe o que antes podíamos chamar de civilização. Descobrimos por meio de outros sobreviventes que havia um abrigo no local e tentamos chegar até o abrigo pelo solo. Infelizmente não esperávamos encontrar um "Trator". "Tratores", como os chamamos, são inanes que surgem do meio das hordas famintas. Eles começam a devorar uns aos outros e a sofrer mutações por causa dos diferentes DNAs absorvidos. Normalmente vão se formando vários e, conforme eles aparecem e brigam entre si, as hordas de inanes normais vão desaparecendo e somente os Tratores mais fortes prosseguem. A tendência é que as hordas de inanes normais desapareça e teremos que enfrentar pequenos exércitos de "Tratores". Infelizmente isso é um problema. A tropa que tinha por intenção chegar ao abrigo pelo solo se deparou com apenas um e com exceção de um único soldado, todos os demais foram mortos em ação. Tiros de fuzis e pistolas apenas machucavam e enraiveciam ainda mais o "Trator". Ele conseguia arremessar pedras e veículos contra os soldados como se fossem brinquedos. Partiam árvores como se fossem palha. O último soldado ele pegou com seus braços enormes e o partiu ao meio, puxando-o pelos ombros de um lado e pernas pelo outro. Esse último soldado acabou salvando a vida do único sobrevivente pois quando foi agarrado conseguir segurar consigo os pinos de duas granadas. Quando foi partido ao meio os pinos foram retirados e a explosão eliminou aquele Trator que já estava alvejado."
Nessa hora o espertinho do Arthur perguntou:
"Como você pode ter tanta certeza dessa história? Nunca vimos um inane como este!"
Então o Capitão respondeu:
"Eu tenho certeza da veracidade desta história porque EU fui o único sobrevivente. EU era o responsável por aquele grupo e pela missão de vir salvá-los e resgatá-los. Com essa sua atitude agora me questiono se vocês valem a vida dos bravos soldados que perdi naquele dia!"
O silêncio permeou a sala onde conversávamos e só ouvimos um pedido de desculpas sendo balbuciado pelo Archie.
"E tem mais.", prosseguiu o Capitão, "Os bombardeios afetaram as rodovias de acesso, portanto iremos de carro até onde possível e o resto do trajeto faremos a pé, isso se concordarem em vir conosco. Se decidirem por vir, partiremos em 2 dias após prepararmos tudo. Outra coisa, se decidirem vir conosco, ou seguem minhas regras ou serão deixados para trás, sem ajuda!"
Ficamos de dar a resposta amanhã e por ora apenas oferecemos alimentação e um local de descanso a eles, que se dispuseram a fazer a guarda essa noite afim de que pudéssemos descansar e conversar sobre a nossa decisão mais tranquilamente.
Amanhã pela manhã iremos decidir em conjunto e dar a eles o nosso parecer. Mesmo que decidamos ir com eles, ainda existem detalhes a ser acertados. Eu mesmo tenho uma promessa a cumprir com o Jonatha, de levá-lo ao lugar onde o Rafael fora sepultado.
Esse foi um pequeno resumo do dia, agora vou dormir para descansar. Há muitos dias não consigo dormir muitas horas consecutivas.
Boa noite!

uhuuuuu...agora o bicho vai pegaaaa....ahuahuah...
ResponderExcluir