Apocalipse Zumbi - Capítulo V - Parte II


Florianópolis
 - 10 de Setembro de 2018 -
11:20 PM

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Fazem três dias desde que o Álisson foi embora. E as coisas não pareceram melhorar por aqui. Ainda estamos no mesmo local e, pelo visto, teremos que ficar por aqui mais um tempo. Algo muito ruim está acontecendo.
Começamos a perceber que embora em menor quantidade, esses filhos da mães zumbis agora estão ficando mais audaciosos e violentos. Não sabemos se é efeito do vírus depois de algum tempo ou se a fome os têm deixado assim. Nossas armadilhas estão todos os dias repletas deles. Estão se movimentando mais e chegando cada vez mais perto do abrigo.
Estamos em um número muito grande, chamamos demasiada atenção mesmo que involuntariamente.
Ontem tentamos enviar um grupo até a área mais urbanizada atrás de mantimentos e quem sabe um novo abrigo pelo caminho. Tínhamos o plano de ir para o extremo sul da ilha para nos afastarmos totalmente da base militar. Apenas tínhamos o plano.
De um grupo de seis pessoas que saíram, voltaram apenas três.
Os três que voltaram disseram que haviam se separado quando foram surpreendidos por um grupo de uns dez inanes. Enquanto antes eles, os inanes, respondiam à estímulos sonoros ou visuais, agora estão definitivamente caçando. Eles correm pelas ruas, telhados, passarelas, qualquer lugar possível. Parece que seu faro está mais aguçado e nem sei como isso funciona em criaturas mais mortas do que vivas!
Tudo o que os nossos colegas disseram foi que estavam saindo de um pequeno depósito quando o grupo de inanes começou a saltar do telhado logo acima deles. Enquanto estavam desnorteados, pensando pra onde correr ou o que fazer, um dos inanes caiu bem em cima do Pablo. Foi muito rápido. O inane pulou diretamente em suas costas, jogando-o ao chão. Enquanto isso um que já havia pulado do telhado, voou sobre ele que ainda estava deitado e o abocanhou diretamente no pescoço. O Rogher, que foi um dos que retornou, contando com sua ênfase, até disse que o sangue jogou por uns dois metros após a mordida. Deve ter sido uma cena terrível. Já o Altair, o outro que retornou, contou que tudo no que pensaram foi em correr. Começaram a fazer o caminho inverso por onde haviam ido, tentando despistar uns quatro inanes que estavam atrás deles. Descreveram que os inanes corriam e saltavam por cima dos carros. Por algumas vezes brigavam uns com os outros como cães raivosos disputando por comida. Então nossos amigos pularam uma cerca de uma casa e a invadiram, mesmo sabendo ser arriscado pois estavam totalmente desarmados. Haviam largado tudo para poder correr mais. Tudo o que poderiam desejar havia ficado ou na rua ou no carro próximo ao depósito. Para a sorte deles, não havia ninguém na casa. Mas também não havia mantimento algum. A sorte maior, na verdade, foi terem encontrado duas bicicletas com as quais conseguiram retornar.
Mais tarde chegou o Bruno. Disse que se separara do Christofer e do Otávio logo que o Pablo fora atacado. Ele chegou aqui de moto e disse a ter encontrado há uns trezentos metros do local onde foram surpreendidos. Ele acha que o barulho que fez com a moto pode ter dado alguma chance dos outros dois terem se abrigado. Mas disse que jamais havia visto os inanes se movimentando daquele jeito. Estavam urrando e andando em plena tarde pelas ruas abertas, com ferocidade e velocidade. Como se estivessem patrulhando o local inteiro. Segundo ele, enquanto fugia, ele quase foi derrubado da moto por um inane que se jogou contra ele. Por sorte o inane errou o pulo pois a moto fora acelerada bem na hora.
Estamos preocupados com nossos outros dois companheiros Otávio e Christofer. Mas não podemos nos arriscar assim. Já perdemos um veículo e mais um amigo. Não sabemos como os inanes estão por lá ou mesmo se vieram até perto de nosso abrigo por causa do barulho da moto. Temos que esperar mais um pouco pra ver se os outros dois aparecem ou se teremos que ir procurá-los. Na verdade eu já teria ido mas a maioria está apavorada e triste. Primeiro a partida do Álisson (que ainda causa divergência sobre irmos atrás dele) e agora isso.
Se os inanes estão agindo assim o perigo agora é muito maior. Sem contar a maior incidência de Tratores. A teoria de que as hordas diminuiriam e que mais Tratores surgiriam de dentro delas estava correta. A noite ouvimos seus berros e pelas manhãs vemos seus estragos nos arredores do abrigo, incluindo seus pedaços em algumas armadilhas.
Também estamos decidindo o que fazer com o grupo. Não conseguimos mais mantimentos e estamos em um grupo muito grande. Não sabemos se iremos nos separar como dois grupos menores, independentes, ou se criaremos equipes para resgate dos nossos dois amigos e outra para ir atrás do Álisson. Muita coisa para se pensar, muito para se lamentar e pouco para aproveitar.
Espero estar fazendo um bom registro assim como o Álisson desejou. Mas ah, como seria bom com nosso amigo "mutante" aqui numa hora dessas. Além dele, agora estamos sem nosso "guerreiro" Otávio, que nem sabemos se está vivo.
Assim que tomarmos uma decisão a escreverei aqui.
Boa primeira noite de registro para nós!
                                                                                                                        Jonatha




Álisson Alves

Alisson Alves é o autor do Blog Gente Incomum, escritor, blogueiro, e nas horas vagas curte jogos online, tocar violão e ler.

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