Há mais felicidade em dar


Há mais felicidade em dar do que há em receber... Uma frase conhecida e tão pouco aplicada.
Em meio a uma geração que mais deseja receber ou apossar-se, o ato de doar-se ou ajudar está raro que deixou de ser uma característica comum entre as pessoas.
Hoje em dia quando se vê alguém fazendo algo por outra pessoa normalmente envolve, na realidade, uma troca. Vejo muita gente tirando satisfações do tipo: "Lembra quando fiz isso por você?", ou seja, não foi uma atitude de coração pois mais tarde exigia uma compensação.
Mas com certeza o verdadeiro "doar-se" é fruto de uma alegria e satisfação não só momentânea. Quando você faz de coração, não importa quão ingrata a pessoa recebedora seja, sua alegria permanece sem arrependimentos. Você fez por ser uma boa pessoa, independente do que a outra seja.
É difícil ser uma pessoa que se doa? Sim, definitivamente é. Como já escrevi hoje, toda vez que você se dedica a alguém, você deixa ali um pedaço seu. O problema é que a maioria das vezes você perde definitivamente aquele pedaço ao ver a pessoa o menosprezar e desconsiderar, tornando inútil o seu ato. E nossos pedaços demoram pra regenerar. Se é que regeneram. Então, doar-se é desgastante, mesmo sendo recompensador.
Significa que vamos deixar de ser assim? Não, mas temos que aprender a reconhecer que nem todas as pessoas vão reagir bem a esse ato generoso, mas, na minha opinião TODAS as pessoas são merecedoras. Tá, mas e as que você já sabe que são ingratas e provavelmente vão fazer pouco caso? O que me dizem sobre a seguinte pergunta: "Quem precisa mais de remédios? Uma pessoa saudável ou uma doente?". Exato. Assim como as pessoas de personalidade cruel podem lhe desanimar e intimidar para que se torne igual a elas, uma pessoa gentil espalha gentilezas. E você pode doar um sorriso, um "bom dia", um "como vai você?" para qualquer pessoa. Se ela recusar, seu presente volta para você junto com satisfação. Se ela aceitar, o presente dobra de valor.
Engraçado eu estar escrevendo isso justamente quando percebo que perdi mais um pedaço meu. Mas não me arrependo de o ter dado. De ter feito o que achei ser certo a fazer, sem pensar em recompensas. Somente espero que o pouco que dei tenha valido a pena em algum sentido maior do que apenas o momento.
Vou parar de me doar? Não. Já tive tantos pedaços arrancados que mal consigo contar os que sobraram, mas ainda os tenho. Ainda posso sentir a alegria e a felicidade em compartilhar de mim com os outros sem esperar nada em troca. No meio de tantas coisas ruins que costumam me acontecer, ajudar alguém me dá uma motivação pra seguir em frente.
Que cada um de nós possa ver o que pode doar de si para outros, experimentar essa sensação sem promessas de retorno. Que cada um possa comprovar por si mesmo que a frase inicial deste texto é um fato verdadeiro. Se mais pessoas aprenderem a doar-se, mas pessoas aprendem a ser gentis, receptivas e gratas e quem sabe esse mundo se torne um lugar mais gostoso de se viver...

Álisson Alves

Alisson Alves é o autor do Blog Gente Incomum, escritor, blogueiro, e nas horas vagas curte jogos online, tocar violão e ler.

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